domingo, 2 de novembro de 2014

O amor abre as portas da esperança, não a letra da lei 


O amor abre as portas da esperança, não a letra da lei – esta a principal mensagem do Papa Francisco na homilia da Missa em Santa Marta na sexta-feira dia 31 de outubro.
O Santo Padre desenvolveu a ideia de que os cristãos que ficam tão presos à lei esquecem-se da justiça. Partindo do Evangelho do dia em que Jesus pergunta aos fariseus se é lícito ou não curar aos sábados, o Papa Francisco refere que eles não respondem e Jesus tomou o doente pela mão e curou-o. Diante da verdade os fariseus calam-se – afirmou o Santo Padre que considerou ainda que estas pessoas viviam tão presas à lei que negavam a ajuda mesmo aos pais idosos, com a desculpa de terem dado tudo em doação ao Templo:
“Este caminho de viver presos à lei afastava-os do amor e da justiça. Preocupavam-se com a lei e ignoravam a justiça e o amor. E para essas pessoas, Jesus só tinha uma única palavra: hipócritas. De um lado, vão em busca de prosélitos. E depois? Fecham a porta. Homens de fechamento, tão presos à letra da lei, mas não à lei, que é amor; e sempre fechavam as portas da esperança, do amor, da salvação... Homens que sabiam somente fechar”.
“O caminho para ser fiéis à lei, sem ignorar a justiça e o amor” – prosseguiu o Papa citando a Carta de São Paulo aos Filipenses –, “é o caminho inverso: o do amor à integridade; do amor ao discernimento; do amor à lei”:
“Este é o caminho que nos ensina Jesus, totalmente oposto ao dos doutores da lei. E este caminho do amor à justiça leva a Deus. Ao invés, o outro caminho, de ficar presos somente à lei, à letra da lei, leva ao fechamento, ao egoísmo. O caminho que vai do amor ao conhecimento e ao discernimento, à plena realização, leva à santidade, à salvação, ao encontro com Jesus. Ao invés, este caminho leva ao egoísmo, à soberba de sentir-se justos, àquela santidade entre aspas das aparências, não? Jesus diz a essas pessoas: ‘Mas vocês gostam de se mostrar como homens de oração, de jejum... mostrar-se…!? E por isso Jesus diz à pessoas: ‘Façam aquilo que dizem, não aquilo que fazem’”.
Com pequenos gestos, Jesus faz-nos compreender o caminho do amor ao pleno conhecimento e ao discernimento. Ele pega-nos pela mão e cura-nos:
“Jesus aproxima-se: a proximidade é justamente a prova de que nós vamos no verdadeiro caminho. Porque é o caminho que Deus escolheu para nos salvar: a proximidade. Aproximou-se de nós, fez-se homem. A carne de Deus é o sinal; é o sinal da verdadeira justiça. Deus que se fez homem como um de nós, e nós que nos devemos fazer como os outros, como os necessitados, como os que precisam da nossa ajuda”. 

Fonte:http://www.news.va/pt/news/o-amor-abre-as-portas-da-esperanca-nao-a-letra-da

sábado, 4 de outubro de 2014

Íntegra da Carta do Papa Francisco às Famílias


Queridas famílias,

Apresento-me à porta da vossa casa para vos falar de um acontecimento que vai realizar-se, como é sabido, no próximo mês de Outubro, no Vaticano: trata-se da Assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, convocada para discutir o tema «Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização». Efetivamente, hoje, a Igreja é chamada a anunciar o Evangelho, enfrentando também as novas urgências pastorais que dizem respeito à família.

Este importante encontro envolve todo o Povo de Deus: Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos das Igrejas particulares do mundo inteiro, que participam ativamente, na sua preparação, com sugestões concretas e com a ajuda indispensável da oração. O apoio da oração é muito necessário e significativo, especialmente da vossa parte, queridas famílias; na verdade, esta Assembleia sinodal é dedicada de modo especial a vós, à vossa vocação e missão na Igreja e na sociedade, aos problemas do matrimônio, da vida familiar, da educação dos filhos, e ao papel das famílias na missão da Igreja. Por isso, peço-vos para invocardes intensamente o Espírito Santo, a fim de que ilumine os Padres sinodais e os guie na sua exigente tarefa. Como sabeis, a esta Assembleia sinodal extraordinária, seguir-se-á – um ano depois – a Assembleia ordinária, que desenvolverá o mesmo tema da família. E, neste mesmo contexto, realizar-se-á o Encontro Mundial das Famílias, na cidade de Filadélfia, em Setembro de 2015. Por isso, unamo-nos todos em oração para que a Igreja realize, através destes acontecimentos, um verdadeiro caminho de discernimento e adote os meios pastorais adequados para ajudarem as famílias a enfrentar os desafios atuais com a luz e a força que provêm do Evangelho.

Estou a escrever-vos esta carta no dia em que se celebra a festa da Apresentação de Jesus no templo. O evangelista Lucas conta que Nossa Senhora e São José, de acordo com a Lei de Moisés, levaram o Menino ao templo para oferecê-Lo ao Senhor e, nessa ocasião, duas pessoas idosas – Simeão e Ana –, movidas pelo Espírito Santo, foram ter com eles e reconheceram em Jesus o Messias (cf. Lc 2, 22-38). Simeão tomou-O nos braços e agradeceu a Deus, porque tinha finalmente «visto» a salvação; Ana, apesar da sua idade avançada, encheu-se de novo vigor e pôs-se a falar a todos do Menino. É uma imagem bela: um casal de pais jovens e duas pessoas idosas, reunidos devido a Jesus. Verdadeiramente Jesus faz com que as gerações se encontrem e unam! Ele é a fonte inesgotável daquele amor que vence todo o isolamento, toda a solidão, toda a tristeza. No vosso caminho familiar, partilhais tantos momentos belos: as refeições, o descanso, o trabalho em casa, a diversão, a oração, as viagens e as peregrinações, as ações de solidariedade... Todavia, se falta o amor, falta a alegria; e Jesus é quem nos dá o amor autêntico: oferece-nos a sua Palavra, que ilumina a nossa estrada; dá-nos o Pão de vida, que sustenta a labuta diária do nosso caminho.


Queridas famílias, a vossa oração pelo Sínodo dos Bispos será um tesouro precioso que enriquecerá a Igreja. Eu vo-la agradeço e peço que rezeis também por mim, para que possa servir o Povo de Deus na verdade e na caridade. A proteção da Bem-Aventurada Virgem Maria e de São José acompanhe sempre a todos vós e vos ajude a caminhar unidos no amor e no serviço recíproco. De coração invoco sobre cada família a bênção do Senhor.



Vaticano, 2 de Fevereiro – festa da Apresentação do Senhor – de 2014.



FRANCISCUS

Idosos, experientes de Deus

Em sua homilia, o convite do Santo Padre a deixar-se guiar pela sabedoria da velhice

Aconteceu uma Santa Missa dedicada ao grande tema de uma renovada aliança entre as gerações, a celebrada no dia 28 de setembro, durante o Encontro do Papa Francisco com os avós e idosos. O Pontífice, durante a homilia, se referiu explicitamente – identificando-o como um modo para que todos possam seguir ainda hoje – ao episódio evangélico de quando a jovem Maria vai visitar sua prima idosa Isabel, no sexto mês a espera de um filho.
 
“Nós pensamos que a Virgem Maria, estando na casa de Isabel, ouviu ela e o marido Zacarias rezar com as palavras do salmo responsorial de hoje:” Tu és, meu Senhor, a minha esperança, e a minha confiança, desde a juventude. (…) Não me rejeites no tempo da velhice, não me abandones, quando já não tiver forças. (…) Agora, na velhice e de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que anuncie a esta geração o teu poder, e às gerações futuras, a tua força "(Sl 71, 05.09.18)." O Santo Padre destacou a importância que teve para Maria o testemunho de fé do casal de idosos, que certamente enriqueceu a sua mente jovem. Isabel e Zacarias, de fato, "não eram experientes em maternidade e paternidade, porque também para eles era a primeira gravidez, mas eles eram experientes na fé, experientes de Deus, experientes daquela esperança que vem dEle: é disto que o mundo precisa, em qualquer momento. Maria soube escutar aqueles pais idosos e cheio de admiração, fez tesouro da sua sabedoria, e esta foi inestimável para ela no seu caminho como mulher, esposa e mãe."
No final do Angelus, então, depois de agradecer aos idosos que vieram de todo o mundo, o Papa Francisco mencionou o próximo importante evento eclesial, o Sínodo Extraordinário sobre a família (05-19 de outubro), convidando todos a rezar pelo seu sucesso e para o referente principal da Assembleia, o secretário-geral do Sínodo: "no próximo domingo terá início a Assembleia Sinodal sobre o tema da família. Está aqui presente o principal responsável, o cardeal Baldisseri: Rezem por ele. Convido a todos, indivíduos e comunidades, para rezar por este importante evento e confio esta intenção à intercessão de Maria, Salus Populi Romani ".
 
 

Ícone do Encontro Mundial das Famílias

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Representando a Sagrada Família de Nazaré, junto com os avós de Jesus, no último domingo, 7, foi apresentado pelo Arcebispo de Filadélfia, Dom Charles Chaput, o ícone oficial do Encontro Mundial das Famílias, evento que se realizará entre os dias 22 e 27 de setembro de 2015 na Filadélfia (Estados Unidos). O lema do encontro será “O amor é nossa Missão: a família plenamente viva”. Junto ao ícone, o Arcebispo também deu a conhecer a oração oficial do encontro.
“Com seu enfoque em enriquecer e revigorar a vida espiritual das famílias -tanto católicas como não católicas por igual-, estou esperançoso de que esta oração e esta imagem podem ajudar para que todos nós examinemos nossos pensamentos e corações, e aprofundemos nossas relações com Deus e nossas famílias em formas significativas”, disse Dom Chaput durante a homilia da Missa que presidiu no último domingo na Basílica Catedral de São Pedro e São Paulo, onde permanecerá o ícone.
A imagem, de 1,2 metros de largura por 1,5 metros de altura, é obra de Neilson Carlin, procedente de Kennet Square, PA, a Arquidiocese de Filadélfia lhe encarregou de realizar o quadro para o Encontro Mundial. O artista deu um particular protagonismo aos avós de Jesus, os Santos Joaquim e Ana, ao incluir uma cena deles em sua obra.
“Me sinto muito honrado pela oportunidade de utilizar meus talentos para servir a Igreja, meus companheiros católicos e este evento mundial (…) Inspirado no tema ‘O amor é nossa missão’, é minha sincera esperança que esta imagem seja fonte de oração e contemplação que cative a pessoas de todos os credos, e em última instância os faça sentir mais próximas e conectadas com suas próprias famílias”, expressou Carlin.
Por sua vez, a oração final do evento é um convite a colocar a confiança em Deus e a pedir a Ele para que ajude as famílias do mundo a viver em fidelidade com o Evangelho. A oração, com a qual se busca também preparar este acontecimento, está disponível em 18 idiomas -entre eles o polonês, o ltuano, o criolo haitiano, o swahili, o tángalo, o urdu, etc- na página web do Encontro Mundial das Famílias. Também está incluído um vídeo com a oração em língua de sinais para as pessoas com deficiência auditiva.
Tanto o ícone como a oração serão apresentados ao Pontifício Conselho da Família e ao Santo Padre na próxima visita que realizar o Arcebispo de Filadélfia a Roma.
O Encontro Mundial das Famílias é uma iniciativa que promove a cada três anos o Conselho Pontifício para a Família, sendo a maior reunião católica de todo o mundo, com o objetivo de fortalecer os vínculos sagrados das famílias em torno de um tema específico.
O grande promotor deste evento foi São João Paulo II que incentivou o primeiro encontro que se celebrou em Roma em 1994, quando ocorria o Ano Internacional da Família. Desde então, e a cada três anos, as famílias estão convidadas a compartilhar seus pensamentos, dialogar, orar e trabalhar juntos para crescer na vida familiar e a luz dos ensinamentos do Evangelho.
- See more at: http://saojoaobosco.com.br/icone-do-encontro-mundial-das-familias-e-apresentado-nos-eua.html#sthash.5DBxUctk.dpuf

sábado, 30 de agosto de 2014

Mês da BÍBLIA Dom Liro Vendelino Meurer - Bispo Diocesano




"Meu alimento é fazer a vontade de Deus... minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática" (Jo 4,34; Lc 8,21). Essa palavra exige escuta, atenção, acolhida e vivência. "Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus" (Mt 7,21).
Para ser verdadeiro discípulo missionário, é indispensável o conhecimento de Jesus Cristo que nos revelou o projeto do Pai. Não se ama o que não se conhece. Para sermos seguidores de Jesus Cristo, implica em descobrirmos a sua verdadeira mensagem. A Palavra de Deus nos leva ao fascínio e à opção por Jesus. O seguimento é um processo,conforme a iniciação cristã, que começa e dura a vida toda, perpassa tudo o que fazemos.
O Papa Francisco lembra que "toda a evangelização está fundada sobre a Palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte de evange l i z a ç ã o " (EG, 174). Quem evangeliza precisa deixar-se evangelizar. A Palavra de Deus é o coração da atividade eclesial. "Ela é útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça" (2 Tim 3,16).
Somos chamados para a escuta. Estamos, de fato, motivados para "ter tempo" e "dar tempo" ao que é fundamental. Que o mês da Bíblia nos provoque sobre a necessidade de sermos assíduos ouvintes da Palavra, exercitemos a leitura orante e, desse modo, tenhamos familiaridade com a mensagem central das Sagradas Escrituras. Quando a palavra é acolhida, nós nos transformamos e assumimos melhor a missão de anunciar. O verdadeiro testemunho chama novos mensageiros.
Algumas indicações práticas são importantes para a valorização da escuta e prática da Palavra de Deus: não ter apenas a Bíblia, mas acostumar-se a usá-la, lê-la; estar atento quando se proclama a palavra na missa/culto e grupos; para estar em comunhão com os outros, fazer a leitura ou Evangelho do dia que constam geralmente em folhetos litúrgicos ou outras fontes.

http://www.diocesedesantoangelo.org.br/link.aspx?id=892



MÊS DA BÍBLIA 2014


“Ide, fazei discípulos e ensinai” 





MÊS DA BÍBLIA 2014
    Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Mateus é o tema proposto para o Mês da Bíblia de 2014, partindo das prioridades do Projeto de Evangelização “O Brasil na missão continental” e os aspectos fundamentais do processo de discipulado: o encontro com Jesus Cristo, a conversão, o seguimento, a comunhão fraterna e a missão.
    O lema é “Ide, fazei discípulos e ensinai” (cf. Mt 28,19-20). Ele foi indicado pela Comissão Bíblico Catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com as Instituições Bíblicas, entre elas o Serviço de Animação Bíblica.










QUEM É O AUTOR DO EVANGELHO SEGUNDO MATEUS? 
   O Evangelho foi atribuído a Mateus, pela primeira vez, por um escritor cristão de nome Pápias, no II século E.C.. Pela tradição, Mateus era um publicano, foi um dos Doze Apóstolos (9,9; 10,3) e é identificado com o nome de Levi (Mc 2,14; Lc 5,27). Outros o consideram um escriba e o identificam com a frase presente em Mt 13,52. Porém, hoje sabemos que o Evangelho é fruto de um longo processo de redação e que foi atribuído a Mateus, por ser, certamente, uma pessoa importante para a comunidade.
   Apesar disso, podemos recolher algumas características do autor,  nas entrelinhas do evangelho. Provavelmente, tenha sido um judeo-cristão, pois conhecia os costumes, rituais e os métodos judaicos de interpretação dos textos; tem uma grande familiaridade o Antigo Testamento (1,23; 2,6.15.18; 13,14-15) e utiliza expressões próprias da cultura judaica (18,20). Apesar de seguir várias passagens do Evangelho segundo Marcos, o autor tem um estilo mais sóbrio eliminando detalhes secundários, frases difíceis, expressões repetidas e evita as referências às emoções ou que possam transparecer os limites de Jesus ou dos seus discípulos. Ele também ressalta o aspecto catequético dos milagres.
   O evangelho dirige-se, possivelmente, a uma comunidade proveniente do judaísmo, visto que os costumes judaicos não são explicados (15,2; 23,5), nem traduz as expressões aramaicas (5,22) e os temas escolhidos estão em sintonia com este contexto judaico, como: o Reino dos Céus, justiça, perfeição, entre outros.

QUANDO? ONDE FOI ESCRITO? COM QUAL FINALIDADE?
   
   O Evangelho segundo Mateus, provavelmente foi escrito entre os anos 80 a 90 E.C. Muitos estudiosos afirmam que o autor conhecia o Evangelho segundo Marcos e se serviu do mesmo para elaborar o seu texto. Quanto ao local no qual o evangelho foi escrito, existia uma primeira proposta de situá-lo na Palestina, baseada na hipótese de um original em hebraico ou aramaico do Evangelho, porém é uma hipótese que vem sendo fortemente questionada. A segunda hipótese, praticamente aceita, é de situá-lo na Síria, em Antioquia.
   O evangelho tem primeiramente a finalidade de demonstrar que Jesus é o Messias prometido pelos profetas e pelas promessas presentes no Antigo Testamento. Uma segundo objetivo é de fortalecer a fé cristã das comunidades, nesse momento marcado por conflitos, tensões e de crise para aquelas e aqueles cristãos, que ainda estavam estruturalmente ligados à comunidade judaica. 

ESTRUTURA DO EVANGELHO
   
   A primeira parte inicia com a genealogia de Jesus, o relato da sua infância, a pregação de João Batista, o Batismo e as Tentações (1,1-4,11).
   Na segunda parte, Jesus anuncia a finalidade da sua missão (4,12-16), o chamado e a missão dos quatro primeiros discípulos (4,18-25) e o “discurso da Montanha” (5-7).
   A terceira parte, capítulos 8-10, relata várias curas intercaladas com outras narrativas e discursos como: as exigências da vocação apostólica (8,18-22), a vocação de Mateus, a discussão sobre os motivos que levam Jesus a participar das refeições com os pecadores e a polêmica sobre o jejum (9,9-17) e a compaixão por ver uma multidão“ cansada e abatida como ovelhas sem pastor” (9,35-38). Conclui-se com o chamado “discurso missionário” (10).
   Entre as controvérsias sobre quem é Jesus, o autor revela a relação entre Jesus e o Pai (11,25-30), a opção pelos pequenos e sobre a verdadeira família de Jesus (12,46-50). Esta quarta parte é concluída com um discurso em forma de parábolas, tendo como tema o Reino dos Céus (13).
   A quinta parte (14-20) traz novamente relatos de milagres, as multiplicações dos pães e as controvérsias com os fariseus, saduceus e cobradores de impostos. Esta parte é marcada por uma relação mais estreita com os discípulos e é quando Jesus trata sobre o grande desafio que é viver em comunidade (18) e os perigos que impedem um verdadeiro seguimento de Jesus. Apresenta, ainda, os três anúncios da Paixão (16,21; 17,22-23; 20,17-19) e a profissão de fé de Pedro (16,13-20).
    Com a entrada de Jesus em Jerusalém inicia-se a sexta parte, marcada por conflitos entre Jesus, os chefes dos sacerdotes, os anciãos e os movimentos religiosos da época. Há ainda dois discursos: um sobre o comportamento dos escribas e fariseus e o não acolhimento dos profetas enviados por Deus (23,37-38) e o outro sobre o fim dos tempos, chamado discurso escatológico, em forma de parábolas.
    A última ceia, paixão, morte e alguns relatos sobre a ressurreição, estão presentes na sétima parte, finalizando com o envio dos discípulos e a certeza da sua presença constante, até os fins dos tempos (26-28). 




HISTÓRICO DO MÊS DA BÍBLIA

Como nasceu o Mês da Bíblia?

O Mês da Bíblia surgiu em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foi levado adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica – Paulinas (SAB), até posteriormente ser assumido pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) e estender-se ao âmbito nacional.

Objetivos

- Contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia, na ação evangelizadora da Igreja, no Brasil;
- Criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação;
- Facilitar o diálogo criativo e transformador entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.


http://www.paulinas.org.br/sab/?system=paginas&action=read&id=6385

sábado, 2 de agosto de 2014

10 conselhos do Papa Francisco para se ser feliz

O Papa Francisco deu uma entrevista à revista dominical do jornal argentino Clarín onde, de forma muito informal, dá alguns conselhos sobre como ser feliz. Eis como esse jornal sintetizou esses conselhos em dez “dicas”:
1 – Vive e deixa viver
“Os habitantes de Roma têm um ditado e podemos partir dele para explicar a fórmula que diz: ‘Vai em frente e deixe as pessoas vão também em frente’. Vive e deixar viver é o primeiro passo da paz e felicidade.”
2 – Dar-se aos outros
“Se alguém estagna, corre o risco de ser egoísta. E água estagnada é a primeira a apodrecer.”
3 – Move-te descansadamente
“No [romance] ‘Don Segundo Sombra’ há uma coisa muito bonita, de alguém que reinterpreta a sua vida. O protagonista. Diz que em jovem era um riacho que corria entre rochas e levava tudo à frente; em adulto era um rio que andava para a frente e que na velhice se sentia em movimento, mas lentamente, descansadamente. Eu utilizaria esta imagem do poeta e romancista Ricardo Guiraldes, este último adjetivo, descansadamente. É a capacidade de se mover, de viver, com benevolência e humildade, o remanso da vida. Os anciãos têm essa sabedoria, são a memória de um povo. E um povo que não cuida dos seus anciãos não tem futuro.”
4 – Brincar com as crianças
“O consumismo levou-nos à ansiedade de perder a saudável cultura do ócio, de apreciar a leitura, de desfrutar a arte. Agora faço poucas confissões, mas em Buenos Aires fazia muitas e, quando via uma mãe jovem, perguntava-lhe: Quantos filhos tens? Brincas com os teus filhos? E era uma pergunta com ue não contavam, mas eu dizia-lhes que brincar com as crianças é fundamental, é sinal de uma cultura saudável. É difícil, os pais vão para o trabalho muito cedo e voltam às vezes quando os filhos já estão a dormir. É difícil, mas há que fazê-lo.”
5 – Partilhar os domingos com a família
“No outro dia, em Campobasso, fui a uma reunião entre o mundo da Universidade e mundo do trabalho, e todos reivindicavam que o domingo não era dia de trabalho. O domingo é para a família.”
6 – Ajudar os jovens a conseguir um emprego
“Temos de ser criativos com este segmento da população. Se não têm oportunidades, são atraídos pela droga. É também muito alto o índice de suicídios entre os jovens desempregados. No outro dia li algures, mas não garanto porque não é um dado científico, que haverá 75 milhões de jovens com menos de 25 anos que estão desocupados. Não chega dar-lhes de comer, há que criar cursos de um ano de canalizador, de eletricista, de costureiro. A dignidade vem de podermos levar o pão para casa.”
7 – Cuidar da Natureza
Há que cuidar da criação e não estamos a fazê-lo. É um dos maiores desafios que temos pela frente.
8 – Esquecer depressa o que é negativo
A necessidade de falar mal de alguém é sinal de uma baixa auto-estima. É como se disséssemos: ‘sinto-me tão em baixo que, em vez de tentar recuperar, rebaixo o meu próximo’. Esquecer-se depressa do que é negativo é muito mais saudável.”
9 – Respeitar quem pensa de forma diferente
Podemos desinquietar o outro com o nosso testemunho para que ambos possamos evoluir com esse diálogo, mas o pior que podemos fazer é o proselitismo religioso, pois ele paralisa: Eu dialogo contigo para te convencer. Isso não. Cada um dialoga a partir da sua identidade. A Igreja cresce pela sua capacidade de atração, não por proselitismo.”
10 – Procurar ativamente a paz
“Estamos a viver uma época com muitas guerras. Em África parecem guerras tribais, mas são mais do que isso. A guerra destrói. E temos de gritar bem alto o clamor pela paz. A paz, às vezes, dá a ideia de quietude, mas nunca é quietude, é sempre uma paz ativa.”
Veja aqui o vídeo da conversa com o Papa Francisco.


Fonte: http://observador.pt/2014/07/29/papa-francisco-da-10-conselhos-para-felicidade/

A revolução na Igreja não é só das mulheres, mas de todos os leigos



Em uma entrevista concedida a Zenit, Flaminia Giovanelli, subsecretária do Conselho Pontifício Justiça e Paz, nomeação feita pelo Papa, fala sobre o papel das mulheres na Igreja, como os tempos estão mudando, e enfatiza que tanto o papa atual como o Papa emérito trabalharam ativamente para que o papel da mulher na Igreja avançasse.

Nascida em Roma, Giovanelli trabalhou para o Pontifício Conselho Justiça e Paz desde 1974. Graduada em Ciências Políticas pela Universidade de Roma e com diplomas em bibliotecologia e estudos religiosos, diz que seu trabalho não é um cheque, mas sim uma vocação. Por outro lado, revela os desafios que encontra e a sabedoria que compartilharia com qualquer mulher que queira servir dentro da Cúria.
ZENIT: Você poderia descrever sua posição atual?
- Giovanelli: Sim. Eu sou a subsecretária do Conselho Pontifício Justiça e Paz. Costumo dizer que sou uma espécie de decano deste escritório, quase um fixo no Vaticano, em certo sentido, já que estou aqui há 39 anos, um período muito longo. Tive a oportunidade de oferecer este serviço interessante neste dicastério.
ZENIT: Poderia explicar como foi a sua nomeação?
- Giovanelli: Bem, eu não sei por que, mas chegou por várias circunstâncias diferentes. O fato de que seja a única mulher leiga nesta posição de subsecretária no Vaticano, de certa forma, aconteceu por casualidade "providencial". Então, às vezes, pode ser um pouco estranho, mas de qualquer maneira, os tempos estão mudando. Uma das razões para a minha nomeação era que eu estava trabalhando lá por muitos anos. No ano passado, o presidente, o cardeal Martino, aposentou, e o secretário, que trabalhou aqui por 10 anos, foi nomeado arcebispo de Trieste. Assim, a minha nomeação foi, talvez, também devido a uma questão de continuidade.
ZENIT: Na sua opinião, quais são os maiores desafios que lhe surgiram como mulher?
- Giovanelli: Sim, é preciso esclarecer que não estou sozinha, porque temos muitas mulheres que trabalham no nosso escritório e no Vaticano em geral. Mas, claro, em certo sentido, é preciso ser discreto e fazer o melhor para avançar a sua formação como um membro de um corpo eclesiástico.
ZENIT: Você acha que para as mulheres no Vaticano ou na Igreja, há esperanças de subir ou avançar? Qual é a sua opinião?
- Giovanelli: Tenho visto muitas mudanças desde o início, desde quando comecei, não só para as mulheres, mas também para os leigos. Então, lembro que há muitos anos, não tinha leigos que representassem a Santa Sé, ou visíveis nas reuniões, por exemplo. É evidente que houve uma grande mudança. Acho que tem sido uma espécie de evolução e um sinal dos tempos.
ZENIT: Você acha que o Papa Francisco está mudando o papel das mulheres na Igreja?
- Giovanelli: Vamos ver! Muitas vezes O papa Francisco lembrou a importância da mulher na Igreja, no Evangelho, etc. Ele fez algumas declarações muito importantes. Mas também tínhamos ouvido grandes declarações sobre as mulheres na Igreja do Papa Bento XVI.
Em todo caso, já vimos alguns eventos muito importantes que o Santo Padre fez a uma série de comitês do Vaticano e congregações. Por exemplo, alguns exemplos notáveis ​​incluem a nomeação em 2013 da professora Mary Ann Glendon, da Universidade de Harvard - que tinha sido a presidente da Academia Pontifícia das Ciências Sociais - como membro do Conselho do Instituto para as Obras de Religião (IOR); as quatro mulheres que foram recentemente nomeadas como membros da Pontifícia Comissão para a Protecção de Menores; e Leticia Soberón, que já serviu no Vaticano e agora é uma expert da Comissão recentemente instituída sobre os Meios de Comunicação do Vaticano.
ZENIT: Você mencionou que o Papa Bento XVI também avançou no papel das mulheres no Vaticano ou na Igreja. Pode explicar-nos algum esforço ou contribuição que tenha feito nesse sentido?
- Giovanelli: O primeiro que me vem à mente é como colocou a ênfase em suas audiências semanais das quartas-feiras. Lembro-me de uma série de audiências dedicadas às santas, para ser mais específica, lembro-me de uma audiência que ele dedicou a Santa Hildegarda de Bingen, por quem tinha uma devoção incrível. Ao lembrar esta grande santa medieval, reconheceu as contribuições científicas e culturais das mulheres na Igreja.

http://www.zenit.org/pt/articles/a-revolucao-na-igreja-nao-e-so-das-mulheres-mas-de-todos-os-leigos


Temos uma participação extraordinária dos leigos na Igreja. Mulheres e homens que ajudam na construção do Reino da verdade e da graça, do amor e da paz, que assumem serviços e ministérios e que tornam a Igreja consoladora, samaritana, profética, serviçal, maternal. Todo o Povo de Deus, leigos e leigas, vida consagrada, diáconos, presbíteros e bispos, caminhando para a realização da plenitude do Reino.
O texto que apresentamos busca retomar e aprofundar a participação dos leigos e das leigas na Igreja. Uma Comissão preparou um texto que foi refletido e aprofundado durante a 52ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil – CNBB. Esse texto recebeu a aprovação para ser um texto de estudo.






terça-feira, 8 de julho de 2014

Comunidade de Comunidades: uma nova Paróquia!

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Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo de Mogi das Cruzes (SP)
(O título acima foi tema central da 51ª assembleia geral ordinária da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil – CNBB, realizada em Aparecida-SP, dos dias 10 a 19 de abril de 2013).
As paróquias e as comunidades eclesiais são expressão visível, abrangente e consolidada da presença da Igreja na sociedade. Presentes num território delimitado, as paróquias e suas comunidades são importantes e essenciais instrumentos para a missão evangelizadora da Igreja. A paróquia tem base sólida no código de direito canônico, que lhe dá consistência e respaldo, considerando, dentro da Igreja diocesana, o território onde ela está instalada e constituída, onde seus equipamentos (a igreja matriz, capelas e outros) são edificados e o lugar onde o povo de Deus se congrega.
O Documento de Aparecida, resultado da 5ª Conferência do episcopado latino-americano (realizada em 2007, com abertura feita pelo Papa Bento XVI), fala da necessidade de renovação, revitalização e mesmo transformação das estruturas da Igreja, a começar pela Paróquia. Fala do esforço a ser empreendido para superar uma pastoral de manutenção e da necessidade de uma conversão pastoral.
É nesse contexto de desafios que emerge o fenômeno da migração religiosa, que vem acontecendo de forma intensa há pelo menos duas décadas. Os dois últimos censos (2000 e 2010) oferecem um mapa dessa migração, mostrando a diminuição considerável do número de católicos no Brasil. Em 1990, os católicos somavam cerca de 83% da população brasileira; em 2000, somavam 73,6% dos brasileiros e, em 2010, diminuíram para 64,6%. Tais dados trazem preocupação à Igreja, chamada, hoje, a responder a importantes e novos desafios:
1. O desafio da vida urbana. As paróquias hoje são, geralmente, demograficamente densas, territorialmente grandes, especialmente as localizadas em áreas periféricas das grandes e médias cidades. Daí a necessidade de uma descentralização por meio da existência, em cada paróquia, de outras comunidades eclesiais, além daquela que se reúne na igreja matriz. A expressão “comunidade de comunidades” indica a paróquia em sua presença expandida, formando como que uma rede de comunidades. Onde surge um novo bairro, sem demora, a Paróquia deveria providenciar espaço físico (terreno) para uma nova comunidade.
2. O desafio da identidade. Uma comunidade eclesial será sempre constituída levando em conta as três dimensões fundamentais da vida da Igreja: palavra – liturgia – caridade. A Palavra de Deus chega pelo anúncio do evangelho e pela catequese em todos os níveis, na Igreja. A caridade é o testemunho visível de amor ao próximo, especialmente aos pobres. Tal testemunho dá credibilidade à presença dos cristãos chamados a ser “luz do mundo”. A vida litúrgica e demais aspectos da vida da Igreja têm seu centro na Eucaristia, especialmente a dominical, celebrada no dia do Senhor. Daí a necessidade da presença do sacerdote, a importância de uma eficaz pastoral vocacional e a valorização do ministério ordenado do presbiterato.
3. O protagonismo dos leigos. Cada cristão, isto é, cada batizado, é a presença viva da Igreja no ambiente da sociedade onde ele vive, trabalha, se relaciona. É no mundo e para o mundo que ele dá testemunho público de sua fé e o bom exemplo de pai, mãe, profissional, cidadão... Através do leigo, a Igreja se faz presente nas realidades seculares (presença do mundo no coração da Igreja e presença da Igreja no coração do mundo). Para que isso aconteça, é necessário que o leigo seja valorizado, incentivado, formado e a ele sejam confiados serviços (ministérios), a partir de seus dons (carismas).
Há serviços que os leigos realizam no âmbito interno da Igreja: anúncio da palavra (ministros da palavra), catequese, serviço do altar (ministros extraordinários da sagrada comunhão, salmistas), ministério da coordenação, administração, pastoral dos enfermos, serviço da caridade, isto é, aos pobres, cf. palavras do apóstolo Paulo: nós só nos deveríamos lembrar dos pobres, o que, aliás, tenho procurado fazer com solicitude (Gl 2,10). E a opção preferencial pelos pobres se expande considerando a dimensão profética e transformadora da missão dos leigos, sendo fermento, sal e luz (agente) na construção de uma sociedade justa e solidária.
4. Novas expressões. A Paróquia – com seu pároco, suas comunidades, pastorais e conselhos – deve ser o lugar de acolhida das novas realidades ou novas expressões da vida eclesial, como os movimentos, as novas comunidades, as comunidades de vida, as associações. Deve abrir-se também à possibilidade da existência de comunidades e paróquias ambientais, ou seja, aquelas cuja presença e organização transcendem a territorialidade, uma vez que contará com membros participantes de diversos lugares.
5. Novos métodos. Novo ardor e novas expressões, no dizer do Beato João Paulo II, requerem novos métodos. A conversão pastoral requer abertura a realidades novas e a coragem de inovar e não fazer sempre as mesmas coisas, utilizando-se das mesmas estruturas, muitas vezes ultrapassadas. Supõe também, e antes de tudo, conversão pessoal, mudança de coração e de vida, para, depois, sair de si e ir ao encontro dos irmãos, especialmente os afastados, dando-lhes acolhida, propondo um retorno. Acolher de modo especial os jovens, os pobres, doentes, os “contritos de coração”, (tristes, angustiados, deprimidos, solitários, etc...), oferecendo-lhes amparo.
6. Novo ardor (Família e missão). A Igreja, família dos discípulos de Jesus Cristo, é formada pelas famílias. A pastoral familiar empreende esforço para ajudar os casais e as famílias, buscando respostas a novas situações familiares, como a dos casais em segunda união estável e outras ... A Igreja ajudará as famílias a educarem seus filhos na fé, na piedade, na freqüência aos sacramentos, numa conduta exemplar. Do novo ardor cristão nas famílias decorre um novo ardor vocacional e missionário ...
7. Anúncio e Catequese. Não se descuide da transmissão da fé (católica), a partir de um processo contínuo de iniciação cristã (catecumenato) e formação catequética e doutrinal em todos os âmbitos e para todas as idades. Serve de inspiração o Sínodo para a “Nova evangelização para a transmissão da fé cristã”, acontecido em outubro de 2012, e que contou com a participação de cerca de 400 pessoas do mundo inteiro e a presença do então Papa Bento XVI.
A perda de fiéis católicos e os inúmeros desafios do mundo urbano deveriam suscitar na Igreja uma nova missionariedade, um novo esforço, um novo entusiasmo evangelizador. Isso vem do próprio mandato do Senhor ressuscitado aos apóstolos: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). E também: “Ide e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,19-20). E ao prometer e anunciar a vinda do Espírito Santo: “vós sois testemunhas disso” (Lc 24,48).

http://www.cnbb.org.br/artigos-dos-bispos-1/dom-pedro-luiz-stringhini-1/12007-comunidade-de-comunidades-uma-nova-paroquia

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Coração de Jesus




 





UM CORAÇÃO QUE SE PODE VER



          No mês de junho celebramos a festa litúrgica do Coração de Jesus.
O que significa, hoje, celebrar o Coração de Jesus?
           Não se trata tanto de ‘uma piedosa devoção’, mas de uma espiritualidade.
           A espiritualidade nos faz viver,no cotidiano, as virtudes do Coração
 do Verbo de Deus, feito homem.Para saber o que significa seguir o
 Coração de Cristo, no dia-a-dia de nossa vida e responder de modo
significativo diante dos desafios os mais diversos, nada melhor do que
 acompanhar Jesus na sua vida entre nós. Para isto, quero convidá-lo
 a ler o Evangelho escrito por Lucas, o escritor da ternura de Deus.
          Através das palavras e das ações de Jesus, descobriremos a bondade,
 a misericórdia, a compaixão e a ternura. Jesus vê (é alguém que enxerga os outros),
 sente com o coração e ama. Os evangelistas,e principalmente Lucas, querem mostrar
 que Jesus tem um coração para nós.
         Ele teve compaixão e multiplicou o pão para o povo faminto (Mt 15,32).
          Ele teve compaixão do povo e pôs-se a ensinar muitas coisas ou a ensiná-los
 ‘com muita paciência’ (Mc 6,34). Ao ver o filho que retorna,o Coração do Pai
se enternece e ele é tomado de compaixão. Corre ao encontro do filho (Lc 15,20).
O sofrimento dos doentes atinge o seu coração e Ele é tomado de compaixão (Mt 20,30-34).
Tocado pela dor de uma mãe, restitui a vida ao seu filho (Lc 7, 12-16).
 Chora junto ao túmulo do amigo e ressuscita Lazaro (Jo 11,35).
Jesus tem um Coração aberto para todos os que Ele encontra em seu caminho.
E isto se manifesta de modo definitivo na sua doação final, na sua morte por nós.
Parece-me que aí está o nosso desafio, para o dia a dia de nossa vida.
Parece ser o caminho para aqueles que decidiram jogar toda a sua vida numa
espiritualidade do Coração. Somos convidados a sentir as necessidades, os sofrimentos e
 as alegrias dos outros com nossas, a ir ao encontro de todos,sem medo dos riscos e
sem receio de jogar tudo. Não combina com uma espiritualidade do Coração de Jesus
 jogar pela metade ou ficar calculando demais as medidas de nosso amor.


Sobre a Devoção ao Coração de Jesus

Lendo os Evangelhos percebemos que, no entender do próprio Jesus, a vida eterna e, por isso mesmo, toda a vida cristã consiste em conhecer o Pai e a Ele (Jesus Cristo). Então vale a pena aprofundar este conhecimento feito de fé e de amor pela pessoa de Jesus (cf. Jo 17,3). Era também esta a grande prece que Paulo fazia por seus irmãos de Éfeso (Ef 3, 14-19). 

Fala-se em culto, devoção e espiritualidade do Coração de Jesus. Vamos tentar entender o que significa cada um deles. Vamos tentar compreender também o que queremos dizer com a expressão ‘Coração de Jesus’.

O que se entende por culto?
A palavra culto deriva de um verbo latino (colere) e significa ter o cuidado de cultivar. O culto é a veneração que se tem por um ser ou uma pessoa, uma atitude interna feita não só de admiração, de estima e de honra, mas também de humildade, de entrega, de submissão.
Quando falamos em ‘culto religioso’, devemos lembrar que ele estabelece um relacionamento entre Deus e a pessoa humana; entre Deus que se revela, se doa e a pessoa humana que responde a Deus com serviço e amor.
O culto é, antes de tudo, interno, mas pode e deve expressar-se em atos externos. Aqui entram nossas orações pessoais, comunitárias, nossas celebrações litúrgicas com que respondemos ao amor do Coração de Jesus por nós.

O que entendemos por espiritualidade?
Espiritualidade é um termo muito usado hoje. Indica o espírito de uma coisa, um estilo de vida, uma mentalidade; é uma maneira de ser e agir. Falamos, assim, de espiritualidade sacerdotal, conjugal, franciscana, dehoniana, espiritualidade do século XIX...
Falando em espiritualidade do Coração de Jesus, pensamos numa maneira de ser, num estilo de vida que deve ter uma pessoa que acredita no amor de seu Deus e que fez até a experiência do grande amor que o Pai e o Coração de Jesus têm por ele (ela). Pensamos na vida que leva uma pessoa que acolheu em si o Espírito do Amor e se une ao Coração de Cristo nesta grande obra de redenção dos seus irmãos(ãs), por amor.

O que entendemos por devoção?
Devoção é uma palavra ambígua; pode ter vários sentidos. Aqui nós não a tomamos no sentido de uma ‘prática piedosa’, nem no sentido de ‘fervor’ ou de ‘consolação espiritual’ (como falamos de oração: Eu senti muita devoção, rezei com muita devoção). 
O sentido que damos, aqui, à palavra devoção é aquela tirada dos escritos de Santo Tomás: “A prontidão habitual da vontade nas coisas que se referem ao serviço de Deus”. Significa, então, uma disposição permanente e pronta em nossa entrega a Deus. Devoção é, aqui, quase sinônimo de Consagração. Seria, então, uma resposta de amor ao amor de Cristo, consagrando-se a Ele. Cristo, por amor, deu a vida por nós (cf 1Jo 3, 16) e nos associou aos mistérios de sua vida (cf 1Pd 2, 9). Portanto, é necessário que respondamos a Ele, com o nosso amor. Isto é ser devoto do Coração de Jesus.  

O que significa e expressão ‘Coração de Jesus’?
Comecemos pelo simbolismo do ‘CORAÇÃO’. Em nosso linguajar, o coração é o símbolo natural do amor. Não porque este órgão físico produza o amor, mas porque no coração repercute, de modo maravilhoso toda a gama de manifestações afetivas que, em nós, está relacionada com o amor.
O Concílio Vaticano II usa, também, o símbolo do coração ao falar do amor de Cristo: “O Filho do Homem, com sua encarnação, uniu-se a todo homem. Trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, trabalhou com vontade de homem, AMOU COM CORAÇÃO DE HOMEM” (GS 32).
Com a expressão ‘Coração de Jesus’ entendemos a própria Pessoa de Jesus, o seu aspecto mais nobre, mais atraente para nós: o AMOR, síntese e foco unificador de toda a vida, de toda a obra e de toda a Pessoa de Jesus.
A devoção ao Coração de Jesus venera o amor humano do Filho de Deus Encarnado. Lembra Jesus que nos ama com amor humano e, por isso, nós sentimos nosso Deus muito próximo de nós, caminhando ao nosso lado. 
Mas, a devoção ao Coração de Jesus venera não só o amor humano de Jesus. Lembra e venera, também, o seu amor divino. Quando dizemos Coração de Jesus (ou Coração de Cristo), queremos significar a Pessoa de Jesus Cristo, enquanto é, na sua Pessoa e na sua vida, a máxima manifestação do amor divino-humano com que Jesus Cristo nos amou e nos ama.   
Pio XII escrevia: “O Coração de Jesus é o Coração de uma Pessoa divina, ou seja, do Verbo Encarnado e, por isso, representa e, por assim dizer, nos põe diante dos olhos todo o amor que Ele teve e ainda tem por todos nós. Portanto, fácil é concluir que, em sua essência, o culto ao Coração de Jesus é o culto ao amor com que Deus nos amou por meio de Jesus e, ao mesmo tempo, a prática do nosso amor para com Deus e o próximo” (H. A. in AAS 48, 344s).
E João Paulo II nos lembra que, na Pessoa de Jesus Cristo, se revela também o amor misericordioso do Pai para com a humanidade. O Coração de Jesus será então, também, o amor misericordioso do Pai que, em Cristo, se revela e se doa totalmente a nós.

E a melhor forma de sermos devotos do Coração de Jesus no mundo de hoje será levar esta misericórdia do Coração de nosso Deus aos nossos irmãos e irmãs, principalmente aos pobres, oprimidos, esquecidos, marginalizados; é ser misericórdia do Coração de Jesus para todos eles e tentar reconstruir neles o rosto, o projeto de Deus.


P. Francisco Sehnem, scj


fonte:http://www.dehonbrasil.com/scj/reflexoes_04.htm

domingo, 15 de junho de 2014


Sagrados Corações




O mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, cuja solenidade litúrgica celebramos dia 19 deste mês. A devoção ao Sagrado Coração tem as suas origens na devoção popular e, sem dúvida, é uma das piedades mais difundidas e mais amada pelos fiéis.

A expressão “Coração de Cristo” nos remete à totalidade de seu ser, Verbo encarnado para a salvação de toda a humanidade. Esta piedade popular tem a sua fundamentação na Sagrada Escritura. Jesus, em seu Evangelho, convida os discípulos a viverem em íntima comunhão com ele, assumindo a sua palavra como modo de vida e revelando-se um mestre “manso e humilde de coração”.

Esta expressão também nos remete ao momento da morte de Cristo, em que, do alto da cruz, por uma lança o seu Divino Coração foi transpassado, de onde jorrou sangue e água, símbolo do nascimento da Igreja e de seus sacramentos, símbolo de nossa redenção. Na água está a nossa purificação e no sangue está a nossa salvação. Neste momento a esposa de Cristo, a Igreja, lava e alveja as suas roupas no sangue do Cordeiro.

O texto que narra Cristo mostrando o lado e as mãos aos discípulos e o convite a Tomé para estender a mão e tocar seu lado também faz parte da fundamentação desta devoção. Esses textos narram o convite que Cristo faz todos os dias a nós, o convite para participarmos de sua ressurreição, entrarmos em sua glória, tornando-nos parte integrante dela, testemunhando-a com nossas vidas e com nossas ações.

Coração nos lembra amor, e há no mundo algum outro coração que amou mais do que o Coração de Jesus? Amor verdadeiro, que só no seu coração encontramos. Todos os dias temos que pedir para que Cristo nos conceda a graça de termos os nossos corações semelhantes ao dele, pois o seu coração é a fonte, o rio, o oceano de misericórdia, no qual somos mergulhados.

Às vezes, para nós este Sagrado Coração se mostra um tanto radical, pedindo de nós um grande despojamento (cf. Mt 19,21) que nem sempre estamos prontos ou dispostos a aceitar. Como no caso do jovem que se encontra com Jesus e pede para que ele o diga o que deve fazer para ter a vida eterna. Não pronto para esta radicalidade, o jovem volta para casa entristecido. Atitude diferente têm inúmeras pessoas que, em determinado momento de sua vida, encontraram-se com este coração e não tiveram medo de dizer o seu sim e se lançar nele.

Celebrar o Sagrado Coração é lembrar que Cristo foi verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. E, sendo homem, também teve os mesmos sentimentos que nós temos. Mas com uma diferença: seu coração sempre foi manso e humilde, por isso nunca maltratou ninguém. Sendo Deus, nunca julgou, mas sempre usou de misericórdia, compadeceu-se dos sofredores e humilhados e sempre prestou-lhes ajuda e consolo. E nós, como andam os nossos corações?

No dia seguinte, após a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebramos a memória do Imaculado Coração de Maria. Não temos como falar do Filho sem falar da Mãe, não podemos celebrar o coração do Filho e não celebrar o coração da Mãe.

Essas duas celebrações estão ligadas mostrando-nos um sinal litúrgico da proximidade desses dois corações: o mistério do coração do Salvador se projeta e se reflete no coração da Mãe, que é também companheira e discípula. Se a solenidade do Sagrado Coração de Jesus celebra os mistérios pelos quais fomos salvos, fazer memória do Coração Imaculado é celebrar a participação da mãe na obra salvífica do Filho.

A devoção ao Imaculado Coração de Maria difundiu-se bastante após as aparições em Fátima, onde ela nos pedia a oração e o jejum para que a guerra se findasse.

Durante todo este mês de junho, quando lembramos o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, possamos aprender deles o amor, a paciência e a graça de saber perdoar. Pois foi Ele mesmo que nos mandou amar uns aos outros como Ele amou.

Autor: Diego Henrique de Assis da Conceição
Fonte:http://www.catequisar.com.br/texto/materia/celebracoes/sagrado/09.htm