segunda-feira, 23 de junho de 2014

Coração de Jesus




 





UM CORAÇÃO QUE SE PODE VER



          No mês de junho celebramos a festa litúrgica do Coração de Jesus.
O que significa, hoje, celebrar o Coração de Jesus?
           Não se trata tanto de ‘uma piedosa devoção’, mas de uma espiritualidade.
           A espiritualidade nos faz viver,no cotidiano, as virtudes do Coração
 do Verbo de Deus, feito homem.Para saber o que significa seguir o
 Coração de Cristo, no dia-a-dia de nossa vida e responder de modo
significativo diante dos desafios os mais diversos, nada melhor do que
 acompanhar Jesus na sua vida entre nós. Para isto, quero convidá-lo
 a ler o Evangelho escrito por Lucas, o escritor da ternura de Deus.
          Através das palavras e das ações de Jesus, descobriremos a bondade,
 a misericórdia, a compaixão e a ternura. Jesus vê (é alguém que enxerga os outros),
 sente com o coração e ama. Os evangelistas,e principalmente Lucas, querem mostrar
 que Jesus tem um coração para nós.
         Ele teve compaixão e multiplicou o pão para o povo faminto (Mt 15,32).
          Ele teve compaixão do povo e pôs-se a ensinar muitas coisas ou a ensiná-los
 ‘com muita paciência’ (Mc 6,34). Ao ver o filho que retorna,o Coração do Pai
se enternece e ele é tomado de compaixão. Corre ao encontro do filho (Lc 15,20).
O sofrimento dos doentes atinge o seu coração e Ele é tomado de compaixão (Mt 20,30-34).
Tocado pela dor de uma mãe, restitui a vida ao seu filho (Lc 7, 12-16).
 Chora junto ao túmulo do amigo e ressuscita Lazaro (Jo 11,35).
Jesus tem um Coração aberto para todos os que Ele encontra em seu caminho.
E isto se manifesta de modo definitivo na sua doação final, na sua morte por nós.
Parece-me que aí está o nosso desafio, para o dia a dia de nossa vida.
Parece ser o caminho para aqueles que decidiram jogar toda a sua vida numa
espiritualidade do Coração. Somos convidados a sentir as necessidades, os sofrimentos e
 as alegrias dos outros com nossas, a ir ao encontro de todos,sem medo dos riscos e
sem receio de jogar tudo. Não combina com uma espiritualidade do Coração de Jesus
 jogar pela metade ou ficar calculando demais as medidas de nosso amor.


Sobre a Devoção ao Coração de Jesus

Lendo os Evangelhos percebemos que, no entender do próprio Jesus, a vida eterna e, por isso mesmo, toda a vida cristã consiste em conhecer o Pai e a Ele (Jesus Cristo). Então vale a pena aprofundar este conhecimento feito de fé e de amor pela pessoa de Jesus (cf. Jo 17,3). Era também esta a grande prece que Paulo fazia por seus irmãos de Éfeso (Ef 3, 14-19). 

Fala-se em culto, devoção e espiritualidade do Coração de Jesus. Vamos tentar entender o que significa cada um deles. Vamos tentar compreender também o que queremos dizer com a expressão ‘Coração de Jesus’.

O que se entende por culto?
A palavra culto deriva de um verbo latino (colere) e significa ter o cuidado de cultivar. O culto é a veneração que se tem por um ser ou uma pessoa, uma atitude interna feita não só de admiração, de estima e de honra, mas também de humildade, de entrega, de submissão.
Quando falamos em ‘culto religioso’, devemos lembrar que ele estabelece um relacionamento entre Deus e a pessoa humana; entre Deus que se revela, se doa e a pessoa humana que responde a Deus com serviço e amor.
O culto é, antes de tudo, interno, mas pode e deve expressar-se em atos externos. Aqui entram nossas orações pessoais, comunitárias, nossas celebrações litúrgicas com que respondemos ao amor do Coração de Jesus por nós.

O que entendemos por espiritualidade?
Espiritualidade é um termo muito usado hoje. Indica o espírito de uma coisa, um estilo de vida, uma mentalidade; é uma maneira de ser e agir. Falamos, assim, de espiritualidade sacerdotal, conjugal, franciscana, dehoniana, espiritualidade do século XIX...
Falando em espiritualidade do Coração de Jesus, pensamos numa maneira de ser, num estilo de vida que deve ter uma pessoa que acredita no amor de seu Deus e que fez até a experiência do grande amor que o Pai e o Coração de Jesus têm por ele (ela). Pensamos na vida que leva uma pessoa que acolheu em si o Espírito do Amor e se une ao Coração de Cristo nesta grande obra de redenção dos seus irmãos(ãs), por amor.

O que entendemos por devoção?
Devoção é uma palavra ambígua; pode ter vários sentidos. Aqui nós não a tomamos no sentido de uma ‘prática piedosa’, nem no sentido de ‘fervor’ ou de ‘consolação espiritual’ (como falamos de oração: Eu senti muita devoção, rezei com muita devoção). 
O sentido que damos, aqui, à palavra devoção é aquela tirada dos escritos de Santo Tomás: “A prontidão habitual da vontade nas coisas que se referem ao serviço de Deus”. Significa, então, uma disposição permanente e pronta em nossa entrega a Deus. Devoção é, aqui, quase sinônimo de Consagração. Seria, então, uma resposta de amor ao amor de Cristo, consagrando-se a Ele. Cristo, por amor, deu a vida por nós (cf 1Jo 3, 16) e nos associou aos mistérios de sua vida (cf 1Pd 2, 9). Portanto, é necessário que respondamos a Ele, com o nosso amor. Isto é ser devoto do Coração de Jesus.  

O que significa e expressão ‘Coração de Jesus’?
Comecemos pelo simbolismo do ‘CORAÇÃO’. Em nosso linguajar, o coração é o símbolo natural do amor. Não porque este órgão físico produza o amor, mas porque no coração repercute, de modo maravilhoso toda a gama de manifestações afetivas que, em nós, está relacionada com o amor.
O Concílio Vaticano II usa, também, o símbolo do coração ao falar do amor de Cristo: “O Filho do Homem, com sua encarnação, uniu-se a todo homem. Trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, trabalhou com vontade de homem, AMOU COM CORAÇÃO DE HOMEM” (GS 32).
Com a expressão ‘Coração de Jesus’ entendemos a própria Pessoa de Jesus, o seu aspecto mais nobre, mais atraente para nós: o AMOR, síntese e foco unificador de toda a vida, de toda a obra e de toda a Pessoa de Jesus.
A devoção ao Coração de Jesus venera o amor humano do Filho de Deus Encarnado. Lembra Jesus que nos ama com amor humano e, por isso, nós sentimos nosso Deus muito próximo de nós, caminhando ao nosso lado. 
Mas, a devoção ao Coração de Jesus venera não só o amor humano de Jesus. Lembra e venera, também, o seu amor divino. Quando dizemos Coração de Jesus (ou Coração de Cristo), queremos significar a Pessoa de Jesus Cristo, enquanto é, na sua Pessoa e na sua vida, a máxima manifestação do amor divino-humano com que Jesus Cristo nos amou e nos ama.   
Pio XII escrevia: “O Coração de Jesus é o Coração de uma Pessoa divina, ou seja, do Verbo Encarnado e, por isso, representa e, por assim dizer, nos põe diante dos olhos todo o amor que Ele teve e ainda tem por todos nós. Portanto, fácil é concluir que, em sua essência, o culto ao Coração de Jesus é o culto ao amor com que Deus nos amou por meio de Jesus e, ao mesmo tempo, a prática do nosso amor para com Deus e o próximo” (H. A. in AAS 48, 344s).
E João Paulo II nos lembra que, na Pessoa de Jesus Cristo, se revela também o amor misericordioso do Pai para com a humanidade. O Coração de Jesus será então, também, o amor misericordioso do Pai que, em Cristo, se revela e se doa totalmente a nós.

E a melhor forma de sermos devotos do Coração de Jesus no mundo de hoje será levar esta misericórdia do Coração de nosso Deus aos nossos irmãos e irmãs, principalmente aos pobres, oprimidos, esquecidos, marginalizados; é ser misericórdia do Coração de Jesus para todos eles e tentar reconstruir neles o rosto, o projeto de Deus.


P. Francisco Sehnem, scj


fonte:http://www.dehonbrasil.com/scj/reflexoes_04.htm

domingo, 15 de junho de 2014


Sagrados Corações




O mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, cuja solenidade litúrgica celebramos dia 19 deste mês. A devoção ao Sagrado Coração tem as suas origens na devoção popular e, sem dúvida, é uma das piedades mais difundidas e mais amada pelos fiéis.

A expressão “Coração de Cristo” nos remete à totalidade de seu ser, Verbo encarnado para a salvação de toda a humanidade. Esta piedade popular tem a sua fundamentação na Sagrada Escritura. Jesus, em seu Evangelho, convida os discípulos a viverem em íntima comunhão com ele, assumindo a sua palavra como modo de vida e revelando-se um mestre “manso e humilde de coração”.

Esta expressão também nos remete ao momento da morte de Cristo, em que, do alto da cruz, por uma lança o seu Divino Coração foi transpassado, de onde jorrou sangue e água, símbolo do nascimento da Igreja e de seus sacramentos, símbolo de nossa redenção. Na água está a nossa purificação e no sangue está a nossa salvação. Neste momento a esposa de Cristo, a Igreja, lava e alveja as suas roupas no sangue do Cordeiro.

O texto que narra Cristo mostrando o lado e as mãos aos discípulos e o convite a Tomé para estender a mão e tocar seu lado também faz parte da fundamentação desta devoção. Esses textos narram o convite que Cristo faz todos os dias a nós, o convite para participarmos de sua ressurreição, entrarmos em sua glória, tornando-nos parte integrante dela, testemunhando-a com nossas vidas e com nossas ações.

Coração nos lembra amor, e há no mundo algum outro coração que amou mais do que o Coração de Jesus? Amor verdadeiro, que só no seu coração encontramos. Todos os dias temos que pedir para que Cristo nos conceda a graça de termos os nossos corações semelhantes ao dele, pois o seu coração é a fonte, o rio, o oceano de misericórdia, no qual somos mergulhados.

Às vezes, para nós este Sagrado Coração se mostra um tanto radical, pedindo de nós um grande despojamento (cf. Mt 19,21) que nem sempre estamos prontos ou dispostos a aceitar. Como no caso do jovem que se encontra com Jesus e pede para que ele o diga o que deve fazer para ter a vida eterna. Não pronto para esta radicalidade, o jovem volta para casa entristecido. Atitude diferente têm inúmeras pessoas que, em determinado momento de sua vida, encontraram-se com este coração e não tiveram medo de dizer o seu sim e se lançar nele.

Celebrar o Sagrado Coração é lembrar que Cristo foi verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. E, sendo homem, também teve os mesmos sentimentos que nós temos. Mas com uma diferença: seu coração sempre foi manso e humilde, por isso nunca maltratou ninguém. Sendo Deus, nunca julgou, mas sempre usou de misericórdia, compadeceu-se dos sofredores e humilhados e sempre prestou-lhes ajuda e consolo. E nós, como andam os nossos corações?

No dia seguinte, após a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebramos a memória do Imaculado Coração de Maria. Não temos como falar do Filho sem falar da Mãe, não podemos celebrar o coração do Filho e não celebrar o coração da Mãe.

Essas duas celebrações estão ligadas mostrando-nos um sinal litúrgico da proximidade desses dois corações: o mistério do coração do Salvador se projeta e se reflete no coração da Mãe, que é também companheira e discípula. Se a solenidade do Sagrado Coração de Jesus celebra os mistérios pelos quais fomos salvos, fazer memória do Coração Imaculado é celebrar a participação da mãe na obra salvífica do Filho.

A devoção ao Imaculado Coração de Maria difundiu-se bastante após as aparições em Fátima, onde ela nos pedia a oração e o jejum para que a guerra se findasse.

Durante todo este mês de junho, quando lembramos o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, possamos aprender deles o amor, a paciência e a graça de saber perdoar. Pois foi Ele mesmo que nos mandou amar uns aos outros como Ele amou.

Autor: Diego Henrique de Assis da Conceição
Fonte:http://www.catequisar.com.br/texto/materia/celebracoes/sagrado/09.htm